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Entrevistas

O modelo organizacional das teleconsultas

Rui Alves Filipe, Nefrologista

1. Como desenharam/pensaram o modelo organizacional de teleconsultas na ULS de Castelo Branco?

O processo foi iniciado escolhendo, inicialmente, apenas 4 especialidades hospitalares e 2 centros de saúde de modo a que pudéssemos dar o máximo de apoio possível com formação diferenciada e ao mesmo tempo realizar um acompanhamento adequado para podermos corrigir erros processuais e logísticos.

 


2. Como tem sido estruturado o agendamento e a realização das consultas?

Após auscultação dos profissionais dos cuidados de saúde primários decidiu-se que todas as especialidades deveriam ter um horário de manhã e outro de tarde para poder abranger todo o tipo de horários praticados nos Centros de Saúde. O processo de agendamento inicia-se quando o médico hospitalar decide pela realização da consulta em TeleSaúde. Ao ser colocada essa informação no Alert P1 ou via pedido interno automaticamente o secretariado do hospital contacta com o Centro de Saúde para marcação de consulta síncrona no médico de família numa data e hora para ambos disponível.

3. Quais as maiores dificuldades no processo de implementação?

A coordenação administrativa foi um desafio mas graças ao profissionalismo de todos os profissionais os problemas são ultrapassados à medida que são colocados. A maior dificuldade diria que é a “primeira consulta”. Há sempre alguma resistência/desconforto em relação à utilização deste novo modelo. Após a primeira utilização tudo fica mais fácil e temos tido o apoio (e por vezes alguma paciência quando alguma coisa não corre como queremos) de todos os profissionais.

4. Relativamente à dinamização e implementação de teleconsultas multidisciplinares, pode explicar-nos como foi estabelecida a relação entre pares para a sua concretização e como tem estado a decorrer?

Foram feitas circulares informativas para esclarecimento mas o contacto tem sido interpares do modo mais individualizado possível.

5. Que balanço fazem e quais os reais ganhos?

Os ganhos vão muito além da vantagem que todos pensamos em primeiro lugar: diminuição de viagens por parte dos utentes. As vantagens deste ponto não precisam de ser enumeradas, mas os ganhos resultantes do intercâmbio entre médicos hospitalares e de Medicina Geral e Familiar são muito relevantes, nomeadamente na vertente preventiva.
Importa realçar os avanços que a TeleSaúde impõe no capitulo da integração Cuidados de Saúde Primários vs Hospital no que diz respeito à área administrativa e das várias tecnologias de informação. Apenas instituições já desmaterializadas, ou a caminho de tal propósito, conseguem a realização da TeleSaúde do modo eficiente como se deseja.

6. Que recomendações daria a profissionais que estejam interessados em iniciar a implementação de teleconsultas?

A envolvência dos profissionais é essencial. Só percebendo as vantagens desta abordagem do utente é possível implementar a TeleSaúde para o futuro. Porque só se a PDS live entrar na nossa rotina é que não cairá num mero episódio da história do SNS. É verdade que houve outras tentativas de implementação destas tecnologias, mas penso que atingimos a maturidade tecnológica e organizacionais necessárias para a implementação deste modelo.

 

Linkedin: Rui Alves Filipe: https://www.linkedin.com/in/rui-alves-filipe-99411442/

ANEXO: RELATÓRIO DA TELECONSULTA ULSCB_13_06_2017