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Entrevistas

Teleconsultas de Cardiologia

Lino Gonçalves, Director do Serviço de Cardiologia do CHUC

1. Como desenharam/pensaram o modelo organizacional de teleconsultas de cardiologia no CHUC? Como tem sido estruturado o agendamento e a realização das teleconsultas?

O nosso modelo organizacional foi estruturado de forma a que a comunicação com os centros de cuidados de saúde primários fosse regular, tendo cada centro de cuidados de saúde primários dias e horários específicos todos os meses, permitindo assim que os colegas especialistas de Medicina Geral e Familiar prepararem a apresentação e a discussão dos casos clínicos de cardiologia. O pedido de teleconsulta é efetuado através do Alert P1 e depois as secretárias do serviço de cardiologia marcam para um dos próximos horários disponíveis para esse centro de cuidados de saúde primários, sendo os colegas informados da respetiva marcação.

2. Quais as maiores dificuldades no processo de implementação?

As maiores dificuldades têm-se verificado na dificuldade em ter “tempo dedicado” a estas teleconsultas, sendo elas efetuadas devido ao entusiasmo e dedicação dos profissionais de saúde de ambos os lados (Medicina Geral e Familiar e Cardiologia) em benefício dos seus doentes. Estas atividades acabam por se sobrepor a todas as restantes atividades de rotina, o que é um fator limitante. Sem dúvida alguma que a existência de tempo dedicado a estas atividades seria um fator de facilitação muito importante para que estas teleconsultas tivessem ainda maior sucesso.

3. Que balanço fazem e quais os reais ganhos?

Na nossa experiência, a qual tem sido muito positiva, a teleconsulta reduz o número de doentes enviados para o Hospital em cerca de 80%, reduzindo assim os custos relacionados com os transportes, reduzindo o absentismo ao trabalho, poupando tempo precioso aos utentes e suas famílias. Para além disso, ajuda a resolver muitos problemas clínicos nos próprios centros de saúde, com o apoio e com a partilha de responsabilidade com os colegas da cardiologia. Melhora assim a imagem dos centros de saúde aos olhos da população pois assim conseguem resolver muitos dos seus problemas cardiovasculares no seu próprio centro de saúde perto da sua casa. Reduz ainda o tempo de referenciação para consulta externa no hospital e permite o diagnóstico e tratamento mais precoces dos doentes. Melhora sem qualquer tipo de dúvida a comunicação entre os colegas de MGF e os cardiologistas e entre os CS e os hospitais. Finalmente, é importante para a educação médica continuada dos profissionais de saúde envolvidos.

4. Que recomendações daria a profissionais que estejam interessados em iniciar a implementação de teleconsultas?

Devem contactar centros que já estejam ativos e procurar reproduzir esta nossa experiência. Deverão contactar a ARS da sua zona solicitando a instalação, caso ele ainda não exista, do equipamento necessário para a telemedicina no seu Centro de Saúde bem como no Serviço de Cardiologia da sua zona de referência. Deverão ainda contactar o serviço de cardiologia do hospital da sua zona de referência e agendar dias e horas para a realização das teleconsultas.